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Capa por Eloanne Cerqueira |
E mais
uma vez nós estamos brigados. O motivo? O de sempre, ciúmes. O que chega até a
ser engraçado, já que não somos nada mais que amigos. É, amigos. E não
amigos com benefícios, ou uma amizade colorida. Só amigos. Nosso contato
corporal não passava de abraços em datas comemorativas. O que ainda não
conseguia entender era porque ele sentia todo esse ciúme por mim. E pior ainda,
porque eu gostava de vê-lo irritado em relação a isso. Não entendia porque meu
corpo fervilhava de raiva toda vez que o via sorrindo mais 'alegre' para alguma
outra garota. Sorriso esse que nunca fora destinado a mim, o que me fazia ter
ainda mais raiva dele e de qualquer garota que tivesse aquele sorriso.
Tínhamos
saído para assistir algum filme e eu já estava irritada porque eu não queria
ir. SeungHo havia me obrigado a sair de casa, já que ‘Tinha muito tempo que não
fazíamos algo juntos’ como não, brigamos há dois dias, já que a única coisa que
fazemos quando estamos juntos é brigar. De qualquer forma, fui obrigada tirar o
meu pijama e a vestir algo decente para que pudéssemos sair. No caminho até o
cinema o silêncio se fez constante em seu carro, já que eu me recusava a falar
com ele. Sim, eu estava com raiva e sim o motivo era idiota. Mas que se dane,
eu não iria voltar atrás e fazer parecer que eu estava indo pela minha vontade.
Chegamos
ao cinema e foi aí que o problema começou. Joon, um dos meus amigos mais
próximos estava lá com qualquer uma de suas peguetes
como ele mesmo dizia. O problema é que SeungHo o odeia. Na cabeça desse idiota
Joon e eu já tivemos/temos/ ou teremos alguma coisa. Joon sabe disso e nem por
isso me trata diferente, o que de certa forma eu gosto, afinal, não é nenhum
idiota que irá fazer com que eu me separe dos meus amigos. Joon me cumprimentou
da forma que sempre fazia, me abraçando fortemente e com um beijo estalado em
minha bochecha. A expressão de SeungHo – que já não estava das melhores – mudou
e ele fechou a cara. Joon parecia se divertir com a situação e até puxou
assunto com ele, recebendo apenas um balançar de cabeça em resposta. Idiota.
Joon
seguiu para a sala a qual assistiria o filme escolhido ao lado de sua peguete,
não antes de piscar de uma forma travessa para mim, é claro. Pude ver os olhos
de SeungHo ferverem de ódio e seus punhos se fecharem com força. Pelo visto as
gracinhas do Joon sobrariam para mim, mais uma vez. Bufei irritada dando alguns
passos em direção as salas de cinema, quando uma mão segurou o meu braço com
força, começando a me puxar para longe dali. Eu estava ferrada. Incrivelmente
ferrada. Mas de certa forma, eu estava gostando disso.
A passos
rápidos Seungho me guiou até o estacionamento, me empurrando para poucos metros
de onde o seu carro estava. Bati o pé com força no chão e antes que eu
protestasse pela violência usada contra mim, um urro irritado saiu de seus
lábios e suas mãos foram levadas até a cabeça, puxando os próprios fios com
certa fúria, ato esse que me deixou preocupada.
-Está feliz, agora? – Disse ele, de costas para mim. –
Eu, mais uma vez tento manter a paz entre nós, mas não você tinha que estragar
tudo. E o pior, tinha que ser com aquele idiota. Ou melhor, o idiota. – Seu tom de voz já estava
elevado e ele andava de um lado para o outro com certa pressa, ato esse que
fazia sempre quando estressado.
- Cara, olha o que você está falando! Tem certeza que
eu estraguei tudo? – O tom de voz usado por mim não era tão alto quanto o dele,
mas também não ficava por baixo. Fui até ele e o virei para que me encarasse, a
bronca era comigo, não era? Então que falasse na minha cara. – Já começa pelo
fato que eu não queria vir. E outra, o Joon veio falar comigo, eu não fui atrás
dele como você sempre diz.
- Claro que não foi, dessa vez você não foi porque ele estava acompanhado. Mas aposto
que se ele estivesse sozinho você nem se preocuparia com a minha presença e
estaria lá, nos braços dele como você quer. – Tinha deboche em sua voz, e ele
falava como se eu fosse qualquer oferecida que se joga nos braços de qualquer
um, idiota.
-
Escuta... – Nesse momento, meus braços foram direcionados até o seu peito,
empurrando-o com certa força. Minhas mãos estavam trêmulas por conta de toda a
raiva presente em mim. – Não fala como se eu fosse qualquer puta existente aí,
ok? E depois para de agir como se eu fosse sua propriedade. Para de agir como
se pudesse controlar a minha vida, eu não sou um brinquedo seu. Eu. Não. Sou.
Uma. Boneca. Que. Você. Controla. – A cada pausa, um soco forte era deixando em
seu peito. Eu já gritava e SeungHo levou suas mãos de encontro aos meus pulsos,
segurando-os com força, muita força.
Ele nada
disse, e não olhava pra mim. Seus olhos encaravam o chão e suas mãos ainda me
seguravam com brutalidade. Tentei protestar, mas ele apenas me segurou com
ainda mais força. Alguns segundos se passaram e então SeungHo começou a dar
alguns passos para frente, logo, me obrigando a dar passos para trás. Levantou
seu rosto, encarando-me com raiva e com outra coisa que eu não consegui
identificar. Confesso que nesse momento fui tomada pelo medo. Fui encostada em
seu carro, fazendo-nos parar de andar. Ainda me segurando, SeungHo encostou os
meus pulsos contra o carro, deixando seus braços ao meu redor, encurralando-me.
-Você pode não ser um brinquedo ou uma boneca. –
Sussurrou e senti os pelos da minha nuca se eriçarem. – Mas minha propriedade,
você é. – Encostou sua testa na minha e pude sentir sua respiração quente bater
contra o meu rosto, fazendo todo o meu corpo estremecer. – Propriedade essa que
ninguém nunca vai tirar. – Ao dizer isto, SeungHo encostou seus lábios sobre os
meus com voracidade, iniciando um beijo bastante intenso.
Foi aí que eu descobri qual era a outra coisa presente
em seu olhar: Era desejo. Desejo esse que eu também sentia, só não queria
admitir para mim mesma. Os movimentos de seus lábios sobre os meus ainda eram
intensos e foi então que percebi que meus pulsos foram soltos. SeungHo levou
uma das mãos até a minha cintura, puxando-me contra o seu corpo não deixando um
milímetro sequer de distância. A outra, levou até os meus cabelos, puxando alguns
fios com brutalidade, ato esse que não me importei. Já eu, levei as minhas mãos
até a sua nunca, arranhando-a com vontade e pude vê-lo gemer baixo durante o
beijo, fazendo com que eu me sentisse única.
Apesar da brutalidade que fora iniciado, o beijo terminou
calmo. Sua mão que estava em meus cabelos fora guiada para o meu rosto,
acariciando-o de forma leve. Logo depois, seus braços passaram pela minha
cintura, abraçando-me.
-Não
pense que irá fugir de mim. – Foi a única coisa que ele disse. Seus braços
apertaram meu corpo e eu passei os meus por volta do seu pescoço, apoiando
minha cabeça em seu ombro.
Eu não
sabia exatamente o que fazer naquele momento, muito menos o que pensar. Não
fazia sentido ele sentir aquilo por mim e não fazia o menor sentido ainda eu
ter gostado. Mas naquele momento eu não estava me importando. Me sentia segura
nos braços de SeungHo, e pra mim, naquele momento, nada mais importava.
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