Opinião ― série 13 reasons why;

ATENÇÃO: Como já dito no título deste post, o texto a seguir se trata de uma OPINIÃO.

Tendo grande repercussão desde a sua estreia, em 31 de março, 13 reasons why ou os 13 porquês, lançada pela netflix e baseada nos livros de Jay Asher, é, atualmente, a série mais comentada no twitter. Tendo como tema principal bullying e suicídio, duas vertentes bastantes polêmicas, a série tem dividido opiniões acerca da real mensagem passada para seus espectadores.


Fonte: Internet/reprodução


O que diz a sinopse?

A série gira em torno de Clay Jensen, um estudante tímido do ensino médio, que encontra uma caixa na porta de sua casa. Ao abri-la, ele descobre que a caixa contém sete fitas cassete gravadas pela falecida Hannah Baker, sua colega que cometeu suicídio recentemente. Inicialmente, as fitas foram enviadas para um colega, com instruções para passá-las de um estudante para outro. Nas fitas, Hannah explica para treze pessoas como eles desempenharam um papel na sua morte, apresentando treze motivos que explicam porque ela se matou. Hannah deu uma cópia das fitas para Tony, um de seus colegas da escola, que avisa para as pessoas que, se elas não passarem as fitas, as cópias vazarão para todo mundo, o que poderia levar ao constrangimento público e vergonha de algumas pessoas, enquanto outros poderiam ser ridicularizados ou presos. / Fonte: Wikipedia


Já inicio que, particularmente falando, achei o enredo da série perigoso. O mistério que envolve as fitas, o modo como Hannah (Katherine Langford) organiza a ordem dos fatos, as instruções de passar um para outro, as fitas “retrôs” e o modo como este fato foi tratado pareceu, para mim, como uma romantização do suicídio, o que vai totalmente de encontro com o que, acredito eu, seja a real mensagem que a série deseja passar: tirar a própria vida NUNCA será a solução. Logo, é preciso ter ciência disso desde os primeiros segundos de série ou o espectador pode começar a analisar tudo que Hannah passou e concordar com ela de que sua decisão de se matar foi correta, quando, na verdade, não é.
Assim, dando-se conta do fato citado acima, o espectador pode então acompanhar em sequência as atitudes alheias que levaram Hannah a cometer o ato. Aqui, nós temos uma jogada genial que, infelizmente, muitas pessoas simplesmente esquecem. É como Tony (Christian Navarro) diz em algum momento “Ela apresenta a verdade dela”. Como plateia, questionamentos a razão de um ou duas pessoas estarem na lista, pois acreditamos que eram motivos “bobos” e que não deveriam ser levados a sério a ponto de fazê-la tirar a própria vida. Aí é que ‘tá: a série tenta passar a ideia de que cada pessoa sente de maneira diferente e isso deve ser respeitado.

É muito comum, por exemplo, ouvir frases como “Se eu não ligo, você não deveria ligar”; “eu fui gordo minha infância toda e nem por isso tenho traumas”; “Ele que é muito sensível” e derivadas. Quando tais frases são ditas, seus interlocutores esquecem que estão falando por si mesmos e que existem reações diferentes para as mesmas ações. Assim, 13 reasons why faz refletir sobre o respeito ao sentimento do outro. Quando Ryan (Tommy Dorfman) divulga poemas de Hannah sem a autorização da menina, eu pensei comigo mesma “Isso não é motivo! É besteira, ela poderia ter relevado”, mas em seguida me dei conta de que falava por mim. Eu poderia não ter ligado, mas os textos não eram meus. Logo, não cabia à mim.

Se você assistiu a série e não teve essa reflexão, assista de novo. Você assistiu errado.  

Por fim, a série traz mais uma reflexão: não seja um porquê. É comum fingirmos que nos importamos, quando na verdade, deixamos a desejar. Quando perdemos alguém seja por uma fatalidade, doença ou até mesmo o próprio suicídio, sempre surge o arrependimento, as palavras não ditas, as ações não feitas. Como na série, por exemplo, a Liberty High School exibe cartazes sobre suicídio, traz aulas e palestras, além de um memorial para Hannah quando, anteriormente, não havia nenhuma orientação. Assim, 13 reasons why nos faz refletir sobre o que podemos fazer AGORA, sem deixar para depois. Perguntar “como você está?” e realmente se importar com a resposta. Nos faz pensar nas pessoas consideradas invisíveis e como sempre percebemos algo de errado, mas nada fazemos.

É importante ressaltar que a depressão deve ser levada a sério. Tornou-se cada vez mais comum ler e ouvir pessoas zombando e questionando a doença, dizendo que “quem quer se matar não diz”, que é apenas drama. É preciso ter ciência que a doença existe, é séria e já afeta 300 milhões de pessoas, como alerta a Organização Mundial da Saúde

Hannah não era uma drama queen ou tirou a própria vida para chamar a atenção. Uma dor foi crescendo dentro dela, tornando-se insuportável a ponto de fazê-la agir contra si. Às vezes, é difícil de entender. Se você, que está de fora da situação, não se vê paciente o suficiente para lidar com o drama, não o diminua. Como já citado, cada um sente de uma maneira e isso deve ser respeitado.

Para finalizar, deixo o vídeo O MEU PORQUÊ de Frederico Elboni, que traz a mesma linha de pensamento tratada neste post.




Se ainda não assistiu a série, sugiro que dê uma chance. Tenha ciência que o suicídio não é uma saída, não simpatize com a ideia e, acima de tudo, não a romantize. Se você já assistiu 13 reasons why e sentiu que, de qualquer forma, foi o motivo de alguém – e que esta pessoa, felizmente, não teve o mesmo destino que Hannah – talvez seja a hora de procura-la e se retratar. Não adianta assistir a série, chorar a morte da personagem, ter um discurso pronto do assunto, estar nas redes sociais escrevendo “precisamos falar sobre 13 reasons why”, e continuar sendo um porquê. 

4 Comentários

  1. Ainda não assisti a série, mas estou só esperando uma chance de ver. O enredo aborda temas super presentes na atualidade, e você tem razão, não dá pra romantizar e nem deixar passar batido. É uma baita chance pra discutir tudo isso e alertar as pessoas, tanto "os porquês", pra perceberem a forma como estão agindo, quanto as que sofrem com isso, mostrando que há outras saídas.

    Beijinhos
    http://tipsnconfessions.blogspot.com

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    1. Exatamente. Eu concordo com alguns comentários quando dizem que a série é rasa, não é a melhor série do mundo, sabe? Eu esperei bem mais, porém, os temas são recorrentes e necessários para discussão.
      Quando assistir, me fala o que achou! Beijos

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  2. Vim aqui ler o post, tá vendo? Aos pouquinhos vou tentando ler tudo o que eu perdi por aqui. =3

    Mas então, eu já te falei no Whats o que eu acho dessa história da "romantização", ne? Lendo o post, eu entendi um pouco melhor o que você quis dizer com o termo (diferente do que a maioria das pessoas dizem, creio), mas ainda assim não concordo. Eu estou quase escrevendo um artigo de opinião sobre isso, mas não sei. Eu não teria onde publicar, depois que fechei o meu blog em português. Kkkkkkk
    Anyways, deixando essa coisa da romantização de lado, que eu já discuti mais que o suficiente. ^^'

    Eu também vi muita gente criticando a série e falando isso do "ah, muita gente passou pelas mesmas coisas que a Hannah e superou". Eu concordo com você: essas pessoas perderam completamente a mensagem da série. A mensagem é bem essa mesmo: mostrar que as pessoas têm sensibilidades diferentes e que o que não te machuca, pode muito bem machucar outra pessoa. Eu mesma tive que aprender isso da pior maneira possível, quando assisti uma das minhas melhores amigas caindo em depressão por motivos que eu achava "bobos", mas que hoje eu vejo que para ela não eram. Por isso eu aplaudo de pé essa série. Eu gostei muito de ver as discussões no Twitter, as tags ao estilo #NãoSejaUmPorquê ou #MeuPrimeiroBullying, que permitiram as pessoas criarem mais consciência disso e também desabafar um pouco.

    Eu gostei muito desse vídeo que você compartilhou também. Eu não conheço o autor, mas ele realmente captou a essência da série. E eu gostei muito da forma como ele compartilhou isso, contando sobre suas próprias experiências. Eu acho que todos nós temos um ou dois "porquês". Até mesmo os populares da escola devem ter. Porque somos todos humanos e todos temos nossos pontos sensíveis.

    Enfim, a série arrasou na discussão, e você arrasou na análise. Eu acho que você destacou bem tudo que ela tem de melhor (e de pior, talvez, dependendo do ponto de vista). Ótimo texto! Estou curiosa pra ver sua opinião sobre DWP também, mas já vi que tem spoilers, então vou terminar a série primeiro, haha! ;3

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    1. Olha eu tomando vergonha cara e vindo responder seu comentário depois de ANOS, por favor, não me odeie! HUAHAUHAUH

      Eu ainda não respondi no whatsapp também, mas vamos com calma! xD Eu acho que o lance da romantização é passar a ideia de que coisa x, nesse caso o suicídio, pode ser uma opção, uma solução. Algumas pessoas próximas a mim não assistiram a série por recomendação de seus respectivos psicólogos, justamente por conta disso, sabe? Mas a ideia é essa, discordar, sem discutir! E, moça, posta aqui!!!! Vou ficar muito feliz de ter textos seus por aqui, então se quiser, o espaço está aberto. ♥

      Exatamente! Eu acredito que o problema de muita coisa hoje é que as pessoas acabam se espelhando quando vão tratar outras. Estava até conversando com uns amigos sobre isso, a palavra "idiota" tem uma conotação pra mim, mas pode ter um significado muito mais profundo/sério para outra pessoa. Eu escuto muito "ah, mas eu era gordo e nem por isso sou tramatizado" ok, cara, mas era VOCÊ, cada pessoa sente de uma forma, não quer dizer que uma pessoa que não demonstrou não sentiu. Pra mim, a série retratou isso muito bem.

      ♥ Federico ♥ esse moço é um lindo! E o que eu gostei nesse vídeo também é que a gente costuma achar que as pessoas mais espontâneas acabam não tendo esse problema, mas todo mundo tem um ou dois porquês, como você disse.

      Muito obrigada, eu fico muito feliz de saber que você gostou! Mesmo que eu demore a responder, eu adoro seus comentários enoooooormes, me fazem muito feliz, sério! HUAHAUHU ♥

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