Resenha #86 — 'A Armadilha da Perfeição'; Thomas Curran

Pois é, menina, mais um livro de autoajuda por aqui, é mole! Confesso que respondi as perguntas da parceria com a Companhia das Letras da mesma forma que respondi nos anos anteriores, mas dessa vez, eles decidiram focar mais no não-ficção de autoajuda. Até agora, tivemos alguns erros e acertos, como já resenhei por aqui. Sem mais delongas, vamos de resenha!

TítuloA Armadilha da Perfeição 
Autor: Thomas Curran

Páginas: 338 páginas
Editora: Fontanar

Sinopse Em que momento "bom o suficiente" se tornou o mesmo que "perfeito"? O outro lado dessa moeda é o burnout e a depressão, que alcançam níveis recordes, impulsionados pelos efeitos da competitividade extrema nos ambientes de trabalho. "Uma análise fascinante e panorâmica sobre perfeccionismo nas sociedades capitalistas modernas." ― Grace Blakeley, escritora da revista Tribune A armadilha da perfeição é para todas as pessoas que já se sentiram sobrecarregadas pela necessidade esmagadora de sempre se superar e exceder às expectativas alheias e às próprias. Thomas Curran explora como a busca incessante por perfeição pode se tornar uma obsessão perigosa que compromete a saúde mental ― nos impedindo de alcançar nossos objetivos. Reunindo uma variedade de evidências contemporâneas e histórias reais, Curran explora os efeitos paradoxais do perfeccionismo nas pessoas e na sociedade. Ele nos mostra o que podemos fazer como indivíduos para resistir à pressão da era moderna para sermos perfeitos ― e como podemos criar uma cultura que celebra as alegrias da imperfeição: uma parte natural, humana e bela da vida.. 

A Armadilha da Perfeição, de Thomas Curran, me intrigou a sinopse até a biografia do autor. Doutor em psicologia e professor universitário, Thomas decide falar abertamente do perfeccionismo como problema social e cultural cada vez em alta com as redes sociais e a economia mundial focada em trabalhos terceirizados e competitividade. Chamando de “nosso defeito favorito”, Thomas apresenta divide o perfeccionismo em três vertentes: perfeccionismo orietando a si (quando eu me cobro para sempre superar expectativas próprias), perfeccionismo orientado aos outros (quando eu espero que os outros sejam sempre perfeitos) e o perfeccionismo orientado socialmente (quando a nossa sociedade nos pressiona a sermos cada vez mais perfeitos).

Confesso que não esperava que esse livro tocasse em tantas feridas e gatilhos como aconteceu. E, enquanto fazia a leitura e compartilhava no instagram, diversas mulheres comentaram o quanto se identificaram com os trechos postados, o que me levou a refletir: esperam a perfeição de todos nós, em alguma vertente da vida; para as mulheres, no entanto, a sensação é de que precisamos ser perfeitas o tempo todo e em tudo.

Sendo uma pessoa que já criticou e critica o gênero de autoajuda, permita-me dizer que este é um livro perspicaz que mergulha fundo na nossa necessidade de sempre superar as expectativas, sejam as dos outros, sejam as nossas. O autor explora a obsessão que o perfeccionismo pode se tornar, destacando como isso pode prejudicar a saúde mental e causar exatamente o contrário do que queremos: a impossibilidade de alcançar nossos objetivos.

Como brinquei no instagram, esse livro bateu e doeu de várias formas, mas também acalentou. Quando a gente entende, principalmente com os exemplos reais que o livro apresenta, que tudo bem ser imperfeito em alguns pontos e que tudo bem também não almejar certos patamares que a internet, a roda de amigos e os nossos pais almejam por nós, a vida fica mais leve e a cobrança também. Assim como mencionei no início desta resenha, o fato do autor ser da área da psicologia e focar sua pesquisa no perfeccionismo faz toda a diferença (ao contrário de livros de autoajuda por aí baseados em nada com coisa nenhuma).

Um defeito, no entanto, é que apesar de pincelar o recorte de raça, gênero e classe, o autor não se aprofunda nessa questão (como acontece no livro Autocuidado de Verdade, já resenhado por aqui). E, mesmo que todos nós, em algum momento, sentirmos o impacto do perfeccionismo, as coisas tendem a piorar quando se trata de minorias, principalmente vivendo numa meritocracia falida.

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"A Armadilha da Perfeição" é uma leitura essencial para quem acredita ter algo de errado consigo mesmo e busca uma compreensão mais clara do porquê, mesmo batalhando, trabalhando e abdicando, as coisas parecem não sair do lugar. É uma leitura para quem deseja encontrar maneiras de viver de forma mais equilibrada e saudável em uma sociedade que muitas vezes valoriza excessivamente a perfeição.

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