Ao som de “Piano In The Dark”,
de Brenda Russell
de Brenda Russell
Você foi o melhor imprevisto da minha vida, um improviso que me fez mudar todo o roteiro do filme, colorir o enredo com suspiros e emoções intensas. Me sacudiu por inteiro e deu novo ritmo aos meus passos até então exaustos e enfadados. Eu mudei por dentro e por fora e, mesmo hoje, não vejo motivos para voltar a ser como antes, finalmente encontrei dentro de mim a minha verdadeira essência.
Você repetia coisas como “deixa rolar” e “manaña será o que será”, fazendo eu me livrar de pesos que não precisava carregar. O tempo nos uniu, nos viu ir onde ninguém jamais se atreveu a ir. O tempo nos viu passar os melhores e piores anos de nossas vidas juntos, sempre juntos. Mas o tempo precisava te levar.
Hoje sou eu quem olha para o tempo e me pergunto o que será do amanhã, enquanto estou sentada na escada da nossa casa tão vazia e silenciosa desde que você se foi. Eu ainda não posso acreditar e me recuso a dormir, nem conseguiria, meus remédios não fazem mais efeito.
Tão compreensiva, nossa casa me observa enquanto eu choro olhando o céu, procurando a estrela onde você foi morar. Meu coração sempre foi uma fortaleza, mas depois de te perder para os céus, só me resta chorar e deixar rolar as lágrimas de dor, aquelas que eu nunca precisei derramar, aquelas que você nunca me deixou derramar.
Mas em meio a escuridão, eu posso ouvir uma melodia perfurando o silêncio e acariciando minha alma abatida. São notas suaves como o toque de suas mãos no meu rosto, expulsando as lágrimas. Um ritmo forte e envolvente assim como o de todos os seus abraços me protegendo do mundo ao meu redor. Talvez seja sinal da minha loucura acreditar, mas eu sei que é você lá embaixo, tocando seu piano no escuro. Tocando aquela melodia que você dizia fazer a chuva passar e o arco-íris surgir.
Escrito por: Diogo Souza
04 de setembro de 2015
04 de setembro de 2015
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