Resenha #12 — 'Tá todo mundo mal'; Jout Jout

Título: Tá todo mundo mal
Autora: Jout Jout
Páginas: 196 páginas
Editora: Companhia das letras
Do alto de seus 25 anos, Julia Tolezano, ou Jout Jout, já passou por todo tipo de crise. De voltar frustrada das festas da adolescência por não ter encontrado o príncipe prometido por sua mãe a não fazer a menor ideia de que carreira seguir. Neste primeiro livro, ela reuniu suas "melhores" angústias em textos tão espirituosos e iluminadores quanto os vídeos do seu canal no YouTube. Família, corpo, inseguranças, relacionamentos amorosos, trabalho, onde morar ou mesmo o que fazer com os sushis que sobraram no jantar são algumas das questões que ela levanta e com as quais todos nós podemos nos identificar e até nos confortar - pois nada como conhecer uma crise alheia para aliviar nossas próprias neuras. 
         Antes mesmo de levar pedradas, aviso que eu também tinha certo receio com os livros de youtubers. Na verdade, ainda tenho. Quando Jout Jout anunciou que estava preparando o seu, confesso que torci o nariz, pois, para mim youtubers e literatura deveriam se unir, apenas, quando se tratava de resenhas e indicações de leitura. Porém, quanto mais eu acompanhava o canal dela e percebia os assuntos do cotidiano, polêmicos ou não, mais eu percebia o quanto um livro dela não seria, de todo modo, ruim.

Eu adorei a diagramação do livro e esse contraste do amarelo com preto!


         Acontece que eu acertei quando deixei meu pré-conceito de lado e resolvi ler Tá todo mundo mal, que inclusive ganhei de natal, num amigo secreto (boa escolha, primo). Com quarenta e seis crônicas curtas, o livro possui leitura leve, além de relativamente poucas páginas, ou seja, dá para ser lido em um único dia e nem perceber a hora passar. Todas iniciam os nomes com “A crise de” e algumas delas podem ser interpretadas como situações banais, mas, ao lê-las e entendê-las, surgem reflexões que nos levam a pensar nossas vidas, escolhas – e, é claro, crises.

         É incrível como, muitas das crônicas, trazem a seguinte frase a tona: Eu achava que isso só acontecia comigo! Um bom exemplo disso é “A crise da ausência de talentos” (p. 72), onde retrata o pensamento que já rondou todos nós ao sermos rodeados de pessoas que desenham, pintam, tocam algum instrumento, fazem maquiagem perfeitamente bem, ama cálculos e etc. No nosso íntimo, mesmo que não seja demonstrado, isso nos afeta, pois, nos vemos isentos de um diferencial, de algo que nos torne únicos como são os nossos amigos.

A questão é que, enquanto todo mundo parecia ter uma verdadeira vocação, ou pelo menos alguma facilidade para alguma coisa, eu me via em frente a um computador assistindo séries sem fim para esquecer o fato de que eu não tinha vocações. Não tinha talentos.

         O livro também traz crises sérias, principalmente do universo feminino, como o medo de estar sozinha nas ruas, independente do horário, receando uma abordagem negativa, um abuso, um estupro. O fato de sermos criadas para seguir um padrão de beleza, de ter a necessidade de esperar por um príncipe encantado, de ser aceita socialmente de acordo com requisitos pré-estabelecidos e que nos impedem de ser quem somos.


         Tá todo mundo mal é uma leitura que todos deveriam fazer. Aceitar que, de fato, estamos todos mal, no fim, é perceber que tá tudo bem em estar todo mundo mal. É entender que tudo bem se você teve uma crise ao descobrir que o trabalho dos sonhos não era tão bom ou que não saber lidar com críticas te dá uma crise e tanto. Tá tudo bem. O passo seguinte é entender a crise e vencê-las, pois esse é o bom das crises. Tê-las, senti-las e superá-las.

Não retirar sem os devidos créditos. 

2 Comentários

  1. Oie!
    Acompanhava a Jout Jout na época que ela lançou o livro, depois até esqueci dele, mas queria muito ler! Eu também tinha preconceito, desde que li o livro da Kéfera e, bem, não foi lá uma maravilha. Mas acho que alguns escrevem livros ótimos sim, pelo menos pra nos entreter um pouco x)

    Beijinhos
    http://tipsnconfessions.blogspot.com

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    1. Eu confesso que fiquei meio sem saber o que esperar do livro dela, mas fui surpreendida no bom sentido com o conteúdo. É divertido, dá pra ler ouvindo a voz dela falando AUAHUAH e ao mesmo tempo traz muita reflexão.

      É aquele negócio, sempre vai existir livros melhores, mas não são de um todo ruim :P

      Beijos

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