Resenha #44 — 'Pequeno Manual Antirracista'; Djamila Ribeiro

Pequeno Manual Antirracista Djamila Ribeiro
Título: Pequeno Manual Antirracista 
Autora: Djamila Ribeiro
Páginas: 136 páginas
Editora: Companhia das Letras
Sinopse:Neste pequeno manual, a filósofa e ativista Djamila Ribeiro trata de temas como atualidade do racismo, negritude, branquitude, violência racial, cultura, desejos e afetos. Em dez capítulos curtos e contundentes, a autora apresenta caminhos de reflexão para aqueles que queiram aprofundar sua percepção sobre discriminações racistas estruturais e assumir a responsabilidade pela transformação do estado das coisas. Já há muitos anos se solidifica a percepção de que o racismo está arraigado em nossa sociedade, criando desigualdades e abismos sociais: trata-se de um sistema de opressão que nega direitos, e não um simples ato de vontade de um sujeito. Reconhecer as raízes e o impacto do racismo pode ser paralisante. Afinal, como enfrentar um monstro desse tamanho? Djamila Ribeiro argumenta que a prática antirracista é urgente e se dá nas atitudes mais cotidianas. E mais ainda: é uma luta de todas e todos. 
Até o momento eu só conhecia Djamila Ribeiro como filósofa contemporânea brasileira, mas não tinha lido nenhuma de suas obras, apesar de ter muito interesse pelo livro “Quem tem medo do feminismo negro?”. Por isso, quando o pacotinho de natal da Companhia das Letras chegou por aqui na última semana (correios, ah, correios), fiquei muito animada ao receber o exemplar de “Pequeno Manual Antirracista”.

pequeno manual antirracista djamila ribeiro

O livro é pequeno, tanto no tamanho do exemplar, quanto em suas páginas, tendo 136 ao todo. Isso não significa, no entanto, que a obra não seja aprofundada. Djamila Ribeiro é mestre em filosofia política pela Unifesp, colunista do jornal Folha de São Paulo e foi secretária-adjunta de Direitos Humanos e Cidadania do município de São Paulo. Coordena a coleção Feminismos Plurais, da editora Pólen, e, como já citado, é autora do livro “Quem tem medo do feminismo negro?” e “O que é lugar de fala?”. Eu trouxe essas informações para deixar claro que se tem uma coisa que Djamila tem é bagagem. Seja da vivência como mulher negra, seja de conhecimento e estudo.


Divido em onze capítulos, a obra apresenta passos a serem seguidos a fim de alcançar um objetivo final – a luta contra o racismo vinda de qualquer pessoa, principalmente dos brancos, que detêm grande parte (ou porque não todo) do poder brasileiro, seja político, econômico ou acadêmico.

"Portanto, nunca entre numa discussão sobre racismo dizendo "mas eu não sou racista". O que está em questão não é um posicionamento moral, individual, mas um problema estrutural. A questão é: o que você está fazendo ativamente para combater o racismo? Mesmo que uma pessoa pudesse se afirmar como não racista (o que é difícil, ou mesmo impossível, já que se trata de uma estrutura social enraizada), isso não seria suficiente  a inação contribui para perpetuar a opressão".

É importante frisar que o livro não é acusatório. Sempre que levantamos a palavra “racismo”, muitas pessoas se inflamam, pois compreendem que apontar o racismo é, automática, chamá-los de racista. E não é. A estrutura social que estamos inseridos é racista e é preciso entender a estrutura para que, assim, possamos alterá-la. A estrutura racista nos dá palco para termos atitudes racistas, logo, compreendê-la é a chave para compreender o que somos e que fazemos. E o nosso papel em sociedade.


E não dá para entender a estrutura sem falar sobre o racismo presente em todos os âmbitos da sociedade atual.

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O diálogo é necessário e, como disse uma das seguidoras lá no Instagram, o livro é urgente. É preciso compreender – mesmo que já seja 2020 e a gente esperava que isso estivesse claro – que racismo não é SÓ chamar alguém de macaco e a violência física. O racismo está no dia-a-dia. No olhar, no descaso, no elogio disfarçado, na estrutura que privilegia brancos e mata os negros numa espécie de “limpeza social”. Está na falta de pessoas negras em posição de poder, fazendo com que essa estrutura permaneça a mesma desde...

Bom, desde que a escravidão era legitimada pelo Estado.

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