CRÔNICA | Persistir dói


Persistir e não desistir é praticamente um mantra nos dias atuais. Ou, talvez, desde sempre. Quanto mais as coisas estão dando errado, mais devemos persistir para que o sucesso venha. Nada vem de mão beijada (para alguns, é claro) e por isso faz-se necessário correr atrás do que queremos ou precisamos. É o que ouvimos, lemos, cantamos, gritamos – e incentivamos.

Mas esquecem, e nós também esquecemos, de propagar a parte não-romântica e mais corriqueira no processo de persistência: o cansaço. Persistir é cansativo e independente da situação. Bater na mesma tecla cansa, buscar mudança por parte dos outros, do sistema, da sociedade, cansa. Às vezes até mudamos o discurso, a tática, a abordagem, mas parece que nada muda. Persistir, até mesmo única e exclusivamente para si, cansa.

E, muitas vezes, esse cansaço sai do mental para o físico com uma rapidez absurda. A cabeça dói, o corpo pesa, os olhos incham, as lágrimas caem. O ânimo diminui, nossas crenças num lugar melhor para nós e a futura geração parecem longe demais, impossíveis de serem alcançadas. 

Persistir é primordial e isso é fato. Nunca ouça alguém que o incentive a desistir no primeiro tropeço, na primeira queda. Persistir é necessário, afinal, leva-nos a melhorias, principalmente pessoais. Persistir nos amadurece. 

Mas esteja ciente que cansa, que dói, que arranca lágrimas.


Tenha ciência que persistir dói.


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