Nem
só de Viola Davis e Terry Crews vive o cinema e a TV americana, assim como nem
só de Lázaro Ramos e Taís Araújo vive a televisão brasileira. Calma, o texto
desta semana não está aqui para criticar o apoio dado a esses artistas. O
grande talento desses artistas, somando ao apoio recebido dos fãs nos deu a
chance de diversificar a mídia televisiva e dar a nós e aos nossos filhos
grandes referências negras para se espelhar. Lembro quando Viola foi a primeira
mulher negra a ganhar um Emmy, em 2015, e o quanto isso me deixou realizada. O
personagem de Terry Crews em Todo Mundo
Odeia o Chris expressa com muita fidelidade a vida de um pai negro na
periferia, lidando com as contas e a criação dos filhos.
Todavia,
estes não são os únicos negros que compõem a mídia. E o nosso apoio é
fundamental para que eles(as) cresçam e possam se tornar grandes nomes, como os
já citados. Novelas, séries, filmes sempre contam com um ou dois atores negros
em seu elenco, em sua maioria em papéis menores, e cabe a nós, negros(as) e
simpatizantes com a causa, apoiá-los ao invés de lamentar tais personagens
secundários. As coisas para nós negros nunca vem de forma fácil. Os passos são
dolorosos e demorados, mas os exemplos aqui citados nos ajudam a crer que a
vitória da diversidade pode sim acontecer, que nossas histórias terão espaço
para serem contadas.
Estou
trazendo esse assunto à tona, pois por muito tempo eu também não os apoiei. Não
de forma direta. Briguei, discuti a falta de negros no cinema, na TV, em papéis
principais, mas o que eu tinha feito para incentivar os artistas negros que
faziam e fazem parte dos produtos midiáticos que eu consumo? Em dezembro do ano
passado, passeando pelo Instagram, vi os atores da série Marvel’s Agents of Shield, produzida pela ABC, postando fotos e
seus respetivos personagens, divulgando o retorno da série no início do mês.
Acompanho a série desde 2015 e vários artistas negros já fizeram parte do
elenco, porém Henry Simmons, que interpreta Al Mackenzie (Mack) foi quem se
consagrou como parte do elenco principal. Voltando ao Instagram, quando passava
pelas fotos dos atores, encontrei a dele e resolvi comentar, já que todo o meu
apoio se resumia a curtidas. No comentário, falei que como negra, eu me sentia
representada por ele ao vê-lo na série. Parabenizei pelo trabalho e, como fã,
disse o quanto o achava incrível. Não imaginei que o simples comentário o faria
não só me notar, como responder. Henry Simmons disse que o comentário
significava muito para ele e que concordava comigo, que televisão e cinema
precisam refletir o mundo como realmente é, feito por pessoas diferentes e que
todos nós temos histórias para contar.
Em
meio ao meu surto de fã, com diversos prints
enviados para todos os amigos e postado no próprio Instagram, percebi o quanto
o apoio direto era importante, havendo uma resposta ou não. Nos comentários
desta mesma foto, Henry respondeu todos(as) aqueles(as) que parabenizavam seu
trabalho e seu desempenho na série e, na mesma semana, Natalia Cordova, atriz
mexicana que também faz parte do elenco, postou um vídeo ao lado dele,
enfatizando tudo aquilo que o ator disse ao responder o meu comentário.
Enfatizando o quanto atores de diversas etnias precisam estar na mídia para
contar histórias de todo o mundo.
Assim,
que possamos apoiar uns aos outros. Comentar, compartilhar, dizer face-a-face
quando nos for possível, o quanto somos orgulhosos por sermos representados na
música, na TV, no cinema, por artistas negros. Façamos o esforço deles valer a
pena, afinal, não adianta brigar, lutar pela diversidade e não apoiá-los.
Façamos
nossa parte para que, como Henry Simmons me disse, a mídia reflita o mundo
verdadeiramente como é: feito por pessoas diferentes.
Todos
nós temos histórias para contar.
Escrito originalmente em 3 de dezembro de
2017.
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