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Muita coisa nos é ensinada ao longo da vida de forma bem contraditória. Somos ensinados, por exemplo, que existem dois estágios na vida: ou você está muito ferrado ou você está transbordando felicidade. E isso se aplica a toda e qualquer situação.
Ou
o seu namoro é um completo fracasso ou é um relacionamento tão perfeito que
daria um filme.
Ou o seu curso é um
completo lixo e não vale a pena termina-lo ou é o melhor, 100% compatível com
você.
Ou o seu emprego é uma
merda que te adoece ou o emprego dos sonhos, com um salário incrível.
Ou são 8 ou são 80.
E é complicado quando, ao
nos depararmos com as situações acima (ou com qualquer outra) e percebemos que
nada faz sentido e que, na prática, é completamente diferente, não sabemos como
lidar.
É frustrante, na verdade.
Porque um namoro perfeito
pode ser superficial. Pode não haver diálogo, amor de verdade.
Porque um curso 100%
compatível, às vezes, frustra ao tirar uma nota inferior ao esperado. Ao não
ser tão boa numa disciplina que, aparentemente, era a SUA cara.
Porque o emprego dos sonhos
também pode estressar – e bastante!
O emprego dos sonhos, na
verdade, pode nem existir.
E, assim, nós não sabemos
lidar com o meio-termo. Nós não sabemos compreender que existem altos e baixos,
problemas em situações confortáveis, dias tranquilos em situações conturbadas. Ou
entender que pode existir o melhor que o pior já enfrentado, mas ainda assim,
não melhor o bastante.
O meio termo é, de fato, um
pé no saco.
Mas às vezes é um
aprendizado.
É só entendermos que ele
existe. E que está tudo bem passar por ele, desde que não nos conformemos. “Já
esteve pior antes”, não quer dizer que está bom, não nos enganemos. Mas lutemos
para que o melhor chegue.
Sabendo que até o melhor
dos melhores, às vezes, também é um pé no saco.
Escrito originalmente em 10 de julho de 2018
6 Comentários
Tenho entendido a cada dia que é possível encarar os pontos baixos da vida de frente. Sentindo, respeitando, se respeitando. O grande problema em não saber lidar com isso está quando a química do cérebro tá tão bugada que a percepção das coisas se perde no vazio. E tudo parece ser sentido de forma bem maior. Depois disso, se passa a sentir só o que dói. Aí é hora de pedir ajuda. Enfim... é bacana perceber isso antes que as coisas se desalinhem.Enquanto as coisas são facilmente reversíveis. Quando vira patologia o bicho pega.
ResponderExcluirÉ verdade, Yago! Eu passei muito por isso no ano passado, e esse ano vivi e vivo exatamente o que tratei no texto, estou no limbo do meio-termo."Tá ruim, mas tá bom", sabe? E não saber lidar com esses dois tipos de estado é muito complicado, principalmente se a situação em questão for emprego, como foi e tem sido o meu caso. Tenho tentado seguir e viver um dia de cada vez. :P
ExcluirNo mais, gostaria de reforçar que seus textos (seja crônica, seja conto, seja fábula) são muito necessários!
ResponderExcluirQue coisa mais maravilhosa de se ler justo nessa semana! ♥♥ Fico muito feliz e grata com o seu comentário, de verdade!
ExcluirHey hey! Demorei, mas estou aqui. Demorei porque a minha "faculdade dos sonhos" estava me massacrando. Hahaha! Realmente, o que você disse aí é bem verdade. Vide o fato de que eu AMO meu curso, de coração, mas tem dias em que eu me pergunto porque ainda não desisti dele. Eu sou muito a favor dos sonhos, sabe? Adoro um ideal. Na verdade, eu acho que sou uma das pessoas mais sonhadoras que eu conheço. Mas é preciso saber olhar para a vida e saber que às vezes, mesmo em meio ao sonho, haverá um "porém". E que está tudo bem nisso. Um dia ruim não significa uma vida ruim. Um meio-termo às vezes é só isso: um meio-termo.
ResponderExcluirMas da mesma forma que é preciso manter o pé não chão e não sonhar demais, também é importante não ser negativo. Eu tenho convivido com certa pessoa (você sabe quem) que ao mesmo tempo em que é a pessoa mais sonhadora e idealista que eu conheço, é a pessoa mais pessimista do mundo. A frase preferida dele é "A vida é uma merda", e às vezes, muitas vezes, eu preciso lembrar a ele que ela não É. Talvez ESTEJA, mas não É. Talvez em um aspecto, as coisas estejam difíceis, mas há muito de positivo por aí também.
Enfim, eu acho que a ideia é mesmo encontrar um equilíbrio, ne? Eu gosto do meio-termo. Em vez de estagnação e conformidade, ele me passa uma noção de harmonia. Meu jeito taoísta (a filosofia do ying-yang) de ver o mundo combina com o meio-termo.
Ótima crônica, girl! Me fez pensar em muita coisa! =)
Hello mais uma vez! :P Eu acho que a ideia é justamente compreender que o meio-termo existe e, caso viva nele, compreender que tá tudo bem ficar no meio-termo por enquanto. Porque o meio-termo é necessário, inclusive. Fazendo uma analogia meio ridícula, o meio-termo é tipo as partes "calmas" das histórias que ligam momentos cruciais. Podem ser consideradas okay, mas são importantes e, sem elas, a história fica sem nexo. Acredito que o meio-termo ainda seja necessário para que a gente valorize o ótimo - quando este chegar.
ExcluirFaz esse menino entender que tá tudo bem a vida estar uma merda agora, mas logo logo fica bem, e depois fica merda de novo. Porque é a vida, né? Uma turbulência constante com momentos de calmaria. (: