O post de hoje não é um enaltecimento do Kindle, MAS o que me deixa muito feliz, também, é poder consumir obras de autores contemporâneos e independentes. O mercado editorial no nosso país vive tendo certos problemas e a gente sabe que não é a coisa mais fácil do mundo conseguir um livro publicado. Assim, gosto muito dessa oportunidade que a plataforma oferece. E, chega de ladainha, a resenha de hoje é de um livro independente, de autora brasileira, negra e jovem. Vamos de resenha?
Como vocês devem ter percebido, livros adolescentes têm marcado presença aqui no blog e nas minhas leituras. Esse conceito pré-estabelecido de que livros young adults são, obrigatoriamente, ruins, é algo que me incomoda um pouco. Digo isso justamente por ter sido essa pessoa que tinha aversão por livros do gêneros. Que bom que deixei de ser assim HAHAHA.
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A gente já conhece o casal principal, Melaine e Vinícius e sua relação de implicância logo nas primeiras páginas. Deixo aqui claro que eu sou suspeita pra falar, pois sou muito fã do típico hate to love. A relação deles já nos é conhecida diante das referências de filmes e livros do mesmo estilo, com Melaine sempre se irritando com o mínimo de ações de Vinícius e ele, por sua vez, fazendo graça de tudo o que for possível. Em algum momento, tudo desmorona e essa implicância acaba com um almoço de família. Como consequência disso, os dois recebem um ultimato: devem trabalhar juntos no aniversário de Sofia, sobrinha em comum dos dois, como castigo do que acabaram de fazer.
A história se passa no Rio de Janeiro e eu adorei isso. Tenho falado muito com amigos meus sobre como nossas referências são, em sua maioria, americanas e eurocentradas. É como se, pra gente, literatura e cinema fossem coisas obrigatoriamente não-brasileiras e, de certa forma, isso é ruim, pois não falamos sobre nós, não consumimos o que é nosso. Voltando a ambientação do livro, apesar de ser sergipana e ficar na outra ponta do país, gostei muito das referências que o livro apresenta, foi como se eu estivesse assistindo uma temporada (boa) de malhação.
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Gosto, também, como coisas atuais e que, de certa forma, também foram parte da minha adolescência, aparecem no livro: amizades virtuais, grupo de amigos na praia, o interesse por músicas internacionais, e etc. Além disso, gosto como a história aborda a questão racial, de forma sútil. Não que seja um problema abordar o assunto de forma explícita, porque não é, mas como esse não era o ou um dos focos principais do enredo, o modo como a autora o abordou casou bem com a proposta. Ficou muito bem equilibrado. E fica aqui registrado o meu coração quentinho com um casal negro protagonizando um livro adolescente. TUDO PRA MIM!
Há quem diga que as emoções dos personagens estavam afloradas demais - já ouvi falarem isso sobre outros livros. A questão é: são adolescentes, nós que já passamos da fase sabemos o quanto tudo é muito intenso nessa idade, não dá para construir personagens de dezesseis anos que tenham total noção de seus passos e emoções. Em contrapartida, acho que Melaine poderia, sim, ter adiantado aquela conversa ao invés de continuar guardando a mágoa por tanto tempo. Mas, de novo, sou uma mulher de 25 anos, sei bem que Thiarlley de 16 anos faria igualzinho a Melaine (ou pior HAHA).
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Senti falta de mais momentos do casal junto, mas entendo a proposta do livro ao encerrar o ciclo naquela forma e tá tudo bem com isso. Logo, isso não é um defeito. “Goma de Mascar” é um romance de Helena Luz muito promissor, muito gostosinho e que me rendeu boas risadas em um período muito complicado da minha vida. No fim das contas, é isso que literatura faz: traz luz em períodos de trevas, trazem sorrisos sinceros em dias de dor.
E aí, você já leu o livro? O que achou da resenha?
Conta pra mim!
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