Resenha #49 — 'Goma de Mascar'; Helena Luz

2020 foi um ano de muitas reviravoltas e, uma delas, foi começar a usar o Kindle. Apesar de não ter o aparelho - ainda - li alguns poucos e-books no ano passado, mas o aplicativo começou a ser efetivado na minha vida por agora. O preço baixo dos e-books, aliado a toda crise financeira que estamos tendo, o Kindle me ajudou muito a conhecer novos autores e histórias. 

Goma de Mascar Helena Luz
Título: Goma de Mascar
Autora: Helena Luz
Páginas: 256 páginas
Editora: Autora Independente (Amazon Kindle)
SinopseQuando foi intimada a cancelar sua saída com as amigas para conhecer a família do novo namorado de Rebeca, sua irmã, Melanie jamais poderia imaginar que encontraria a pessoa capaz de virar sua vida de cabeça para baixo no melhor e nos piores sentidos possíveis. A tarde que esperava ser desastrosa, ao fim se tornou uma das mais memoráveis de sua vida graças a Vinícius, o irmão de seu cunhado. Foi uma surpresa perceber que eles compartilhavam dos mesmos humores, interesses e sonhos. Sendo assim, inevitável que ele viesse a se tornar um dos seus melhores amigos. O tempo passou, sua irmã casou, a família ganhou um novo membro e sua amizade com Vinícius se deteriorou, tornando seus encontros uma tormenta impossível de transpassar desarmada. Para infelicidade geral dos outros membros da família, nenhum dos adolescentes conseguiam ser pacíficos em suas desavenças, sempre trocando farpas, indiretas e tirando a tranquilidade de todos ao redor. Cansada de ter seus almoços familiares transformados numa zona de guerra, Rebeca encontra o castigo perfeito e os sentencia a organizarem a festa do 1° aniversário de Sofia, sua filha. Agora Melanie e Vinícius devem aprender a deixar suas questões de lado e dialogar. Mas, em meio a tantas brigas, será que isso ainda é possível? 


O post de hoje não é um enaltecimento do Kindle, MAS o que me deixa muito feliz, também, é poder consumir obras de autores contemporâneos e independentes. O mercado editorial no nosso país vive tendo certos problemas e a gente sabe que não é a coisa mais fácil do mundo conseguir um livro publicado. Assim, gosto muito dessa oportunidade que a plataforma oferece. E, chega de ladainha, a resenha de hoje é de um livro independente, de autora brasileira, negra e jovem. Vamos de resenha?


Como vocês devem ter percebido, livros adolescentes têm marcado presença aqui no blog e nas minhas leituras. Esse conceito pré-estabelecido de que livros young adults são, obrigatoriamente, ruins, é algo que me incomoda um pouco. Digo isso justamente por ter sido essa pessoa que tinha aversão por livros do gêneros. Que bom que deixei de ser assim HAHAHA. 


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A gente já conhece o casal principal, Melaine e Vinícius e sua relação de implicância logo nas primeiras páginas. Deixo aqui claro que eu sou suspeita pra falar, pois sou muito fã do típico hate to love. A relação deles já nos é conhecida diante das referências de filmes e livros do mesmo estilo, com Melaine sempre se irritando com o mínimo de ações de Vinícius e ele, por sua vez, fazendo graça de tudo o que for possível. Em algum momento, tudo desmorona e essa implicância acaba com um almoço de família. Como consequência disso, os dois recebem um ultimato: devem trabalhar juntos no aniversário de Sofia, sobrinha em comum dos dois, como castigo do que acabaram de fazer. 


A história se passa no Rio de Janeiro e eu adorei isso. Tenho falado muito com amigos meus sobre como nossas referências são, em sua maioria, americanas e eurocentradas. É como se, pra gente, literatura e cinema fossem coisas obrigatoriamente não-brasileiras e, de certa forma, isso é ruim, pois não falamos sobre nós, não consumimos o que é nosso. Voltando a ambientação do livro, apesar de ser sergipana e ficar na outra ponta do país, gostei muito das referências que o livro apresenta, foi como se eu estivesse assistindo uma temporada (boa) de malhação.


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Gosto, também, como coisas atuais e que, de certa forma, também foram parte da minha adolescência, aparecem no livro: amizades virtuais, grupo de amigos na praia, o interesse por músicas internacionais, e etc. Além disso, gosto como a história aborda a questão racial, de forma sútil. Não que seja um problema abordar o assunto de forma explícita, porque não é, mas como esse não era o ou um dos focos principais do enredo, o modo como a autora o abordou casou bem com a proposta. Ficou muito bem equilibrado. E fica aqui registrado o meu coração quentinho com um casal negro protagonizando um livro adolescente. TUDO PRA MIM!


Há quem diga que as emoções dos personagens estavam afloradas demais - já ouvi falarem isso sobre outros livros. A questão é: são adolescentes, nós que já passamos da fase sabemos o quanto tudo é muito intenso nessa idade, não dá para construir personagens de dezesseis anos que tenham total noção de seus passos e emoções. Em contrapartida, acho que Melaine poderia, sim, ter adiantado aquela conversa ao invés de continuar guardando a mágoa por tanto tempo. Mas, de novo, sou uma mulher de 25 anos, sei bem que Thiarlley de 16 anos faria igualzinho a Melaine (ou pior HAHA).


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Senti falta de mais momentos do casal junto, mas entendo a proposta do livro ao encerrar o ciclo naquela forma e tá tudo bem com isso. Logo, isso não é um defeito. “Goma de Mascar” é um romance de Helena Luz muito promissor, muito gostosinho e que me rendeu boas risadas em um período muito complicado da minha vida. No fim das contas, é isso que literatura faz: traz luz em períodos de trevas, trazem sorrisos sinceros em dias de dor.


E aí, você já leu o livro? O que achou da resenha?

Conta pra mim!

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