Resenha #56 — 'A metade perdida'; Brit Bennet

 Mais um livro do Clube Intrínsecos por aqui! O livro da caixinha 030, referente ao mês de março, é o segundo romance da autora estadunidense Brit Bennet que possui como referência mulheres como Toni Morrison, Dorothy Allison e Nella Larsen. Em “A metade perdida”, surge a pergunta: é possível ser duas pessoas diferentes na mesma vida?

A metade perdida Brit Bennet intrínsecos 030

Título: A metade perdida 
Autora: Brit Bennet
Tradução: Thaís Britto
Páginas: 336 páginas
Editora: Intrínseca
Sinopse: As irmãs gêmeas Vignes serão sempre idênticas. Mas depois de crescer juntos em uma pequena comunidade negra do sul e fugir aos dezesseis anos, não é apenas a forma de suas vidas diárias que é diferente quando adultos, é tudo: suas famílias, suas comunidades, suas identidades raciais. Dez anos depois, uma irmã mora com sua filha negra na mesma cidade do sul da qual uma vez tentou escapar. A outra secretamente passa por branco, e seu marido branco nada sabe de seu passado. Ainda assim, mesmo separadas por tantos quilômetros e tantas mentiras, os destinos das gêmeas permanecem interligados. O que acontecerá com a próxima geração, quando as histórias de suas próprias filhas se cruzarem? Tecendo várias vertentes e gerações desta família, do Extremo Sul à Califórnia, dos anos 1950 aos 1990, Brit Bennett produz uma história que é ao mesmo tempo uma fascinante e emocionante história de família e uma brilhante exploração da história americana de passagem. Olhando muito além das questões raciais, A Metade Perdida considera a influência duradoura do passado à medida que molda as decisões, desejos e expectativas de uma pessoa e explora algumas das múltiplas razões e reinos em que as pessoas às vezes se sentem impelidas a viver como algo diferente as suas origens. Assim como em seu álbum de estreia best-seller no New York Times, As Mães, Brit Bennett oferece uma fascinante virada de página sobre família e relacionamentos que é envolvente e provocante, compassiva e sábia.

As irmãs Vignes foram criadas como um par. Não duas pessoas diferentes, mas duas pessoas que se completavam. Desiree Vignes, a mais velha por sete minutos, sempre fora a mais desinibida, a que não suportava viver num lugar tão pequeno como Mallard, a que dizia para os quatro ventos que iria embora na primeira oportunidade que surgisse. Stella Vignes era a calada, a que fazia a coisa certa, a que estudava tanto que já poderia dar aulas no lugar da professora. Queria fazer faculdade, enquanto sua irmã só queria ir embora dali. Viver.


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Quando Stella decidiu acatar a ideia de Desiree e dar a Mallard, o plano finalmente seria concretizado. Em Nova Orleans, a vida seria muito mais do que arrumar a casa de brancos e ter lençóis pendurados pela casa. Lá, elas poderiam ser muito mais do que um par e, ainda assim, permanecerem unidas.


Mas a separação aconteceu. E não foi apenas um laço sanguíneo que se desfez, mas as Vignes vivenciaram diferentes pontos da sociedade; enquanto uma delas se vê obrigada a retornar a cidade que fugiram com criança escura em seus braços após um casamento mal-sucedido, a outra vive a farsa de ser branca e seu marido branco sequer imagina qual era o seu passado.


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A narração não linear é fantástica para esse mistério que envolve a vida de cada uma das gêmeas. Além disso, cada novo personagem que possui relevância na história tem seu plano de fundo apresentado, para que não seja apenas mais uma pessoa no enredo, mas sim uma pessoa importante. Essa coisa de uma cidade inteira de negros com pele clara que abominam a relação com negros de pele escura e, até mesmo, sentem-se superiores aos mais escuros levanta a questão do colorismo e como, de fato, a sociedade pode ser menos ruim com você a depender do seu tom de pele.


Mas, no fim das contas, você continua negro. E isso não vai mudar independente se sua pele for tão escura que seja azulada ou tão clara quanto um café com muito leite. Se você é negro, você é negro.


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Mesmo com todas as possibilidades e variantes para que as gêmeas nunca mais se encontrem, o universo faz o seu papel, nos dizendo que não importa o quanto você fuja de quem é, seu passado sempre estará lá para te assombrar. Algo criado e estabelecido em mentiras só será duradouro com mais mentiras. O enredo apresenta, ainda, diversos pontos e gerações da mesma família, em vários espaços de tempo. Como leitor, é possível entender o lado de cada gêmea, cada decisão tomada, por mais que o preço fosse alto.


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A metade perdida, citando a revista que acompanha o livro, “trata de questões raciais, explora a influência duradoura do passado em nossas vidas - seu poder de moldar decisões, desejos e expectativas - e faz refletir sobre as razões pelas quais algumas pessoas se sentem compelidas a fugir dele”.


E aí, já conhecia o livro? O que achou da resenha?

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