Resenha #60 — 'Na Hora da Virada'; Angie Thomas

 Angie Thomas, a autora do conhecido “O ódio que você semeia” que ganhou adaptação cinematográfica em 2018, volta em mais um livro adolescente (o gênero Young Adult, ou apenas YA) com o livro Na Hora da Virada. Vi o filme acima citado e até comprei o livro, mas preferi começar por “Na Hora da Virada” por não ser completamente novo para mim. Vamos de resenha?

Título: Na Hora da Virada
Autora: Angie Thomas
Tradução: Regiane Winarski
Páginas: 378 páginas
Editora: Galera Record

Sinopse: Bri é uma jovem de dezesseis anos que sonha se tornar uma das maiores rappers de todos os tempos. Ou, pelo menos, ganhar sua primeira batalha. Filha de uma lenda do hip-hop underground que teve o sucesso interrompido pela morte prematura, Bri carrega o peso dessa herança. Mas é difícil ter a segurança de estrear quando se é hostilizada na escola e, desde que sua mãe perdeu o emprego, os armários e a geladeira estão vazios. Então, Bri transforma toda sua ira em uma primeira canção que viraliza... pelos piores motivos! No centro de uma controvérsia, a menina é reportada pela mídia como uma grande ameaça à sociedade. Mas com uma ordem de despejo ameaçando sua família, ela não tem outra escolha a não ser assumir os rótulos que a opinião pública lhe impôs. Na Hora da Virada dá aos leitores de Angie Thomas outra protagonista pela qual torcer. É uma história sobre lutar por seus sonhos e também sobre a dificuldade de ser quem você é, não quem as pessoas querem que você seja.

O livro conta a história de Brianna, ou apenas Bri, uma adolescente de 16 anos que sonha em se tornar a maior rapper de todos os tempos. Bri é filha de uma lenda do hip-hop que morreu logo depois de fazer grande sucesso nas paradas musicais. Com o legado de seu pai à espreita e o talento visível na adolescente, Bri tem grandes expectativas para superar. 



Estudante de uma escola de artes, Bri precisa lidar constantemente com o racismo dos seguranças da escola que insistem em pegar no pé dela e de seus amigos. Sendo uma garota de pavio curto, Bri revira os olhos e responde alguns professores na aula, como qualquer aluno branco faria, mas só ela é rotulada como difícil e levada à sala da direção com frequência. Como se não bastasse ser rotulada de marginal na escola, Bri vê sua mãe perder o emprego e a comida desaparecer em casa. Ciente de que precisa realizar seus sonhos para poder fazer alguma coisa por sua família, Bri decide buscar ajuda para ingressar na música. 


Diante de todo o plano de fundo que envolvia sua vida, a adolescente joga toda sua frustração e raiva na primeira letra… que fica fantástica. A música viraliza… por todos os motivos errados. Agora, Bri precisa lidar com as consequências de sua letra, com os estereótipos que potencializou nas pessoas para enxergarem-na como uma marginal


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Gosto de como o livro apresenta referências musicais da atualidade e de como a autora, que já foi rapper, brinca com as rimas (e aqui um enorme PARABÉNS para a galera da tradução, que conseguiu fazer um trabalho excelente em português!). Além disso, como não é segredo para ninguém que eu sou uma marvete de carteirinha, amei as referências à Pantera Negra. De início, não gostei muito da protagonista; achei Bri chata e inconveniente a maior parte do tempo, mas era só a adulta impaciente para adolescentes falando (shame on me). Não demorou para Bri se mostrar uma personagem carismática e com muita presença. Vale ressaltar, inclusive, que me identifiquei com o fato de ela não levar desaforo para casa. HAHAHA



O livro apresenta a realidade dos bairros negros americanos. Uma coisa que eu achei bem próxima da realidade interiorana que foi a minha adolescência, foi a forte presença e influência da igreja na vida dos personagens e como a comunidade gira em torno dos cultos. A adolescente conturbada e nada delicada que fui adorou os dramas da Bri com Malik e Curtis, porque Bri é tão confusa e paranoica sobre seus sentimentos quanto Thiarlley um dia já foi (e às vezes ainda é).


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É quando adentramos no passado de Bri, na morte de seu pai, nas consequências que isso trouxe para sua mãe e como isso influenciou diretamente nela e em seu irmão, Trey, que nós entendemos o seu temperamento e o porquê de ela ter tanto medo que as coisas deem errado. Entendemos porque ela procurou quem não devia, porque descontou a raiva da música. Racismo é uma merda, isso a gente sabe. A gente sabe, também, o quanto é uma merda ouvir coisas sobre cabelo, cor da pele, a possibilidade de ter ou não um pai; tê-lo e ter morrido ou um histórico de drogas na família para dar aos outros a confirmação de que você é só mais uma negra que é a regra. Isso tudo é uma merda.


Mas Bri tem 16 anos. Ser lida como marginal na escola vai além dos olhares. Como a gente ensina uma adolescente a superar ter as mãos seguradas, o corpo jogado no chão e a mochila revistada como se carregasse drogas? Como se explica a uma adolescente que o problema não eram os doces na mochila, numa escola que adotava o estilo de alimentação saudável, mas sim a sua cor da pele que, algumas pessoas acreditam ter passe livre para tratá-la como trataram?


Bri é uma personagem muito madura, muito ciente do que quer e para que veio. Olhando agora, a Thiarlley de 16 anos não saberia lidar com o problema como ela lidou. E, mesmo metendo os pés pelas mãos em alguns momentos, Bri foi forte. Por ela e por sua família.


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Na Hora da Virada é um livro sobre buscar a realização de seus sonhos, mesmo o universo inteiro cooperando para o contrário. É sobre família, amizade e confiança. É sobre buscar conhecer a si mesma, entender quem é e para que veio.


E aí, já leu o livro? Gostou da resenha?

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